Desde sua fundação, em 1994, o Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem da Universidade Federal de Santa Catarina (NAVI/UFSC) vem desempenhando um papel relevante na pesquisa e no ensino acadêmico da Antropologia Visual no sul do Brasil. Os trabalhos desenvolvidos ao longo desse período foram o fio condutor de projetos que ajudaram no reconhecimento dos meios audiovisuais como ferramenta metodológicas e epistemológicas dentro de programas de pós-graduação em Antropologia Social. Esses trabalhos são, em sua maioria, fundamentados na prática da realização audiovisual e publicados como material para estimular a criatividade crítica, novos olhares e novas formas de fazer ciências humanas. Nessas três décadas, o NAVI tem focado suas reflexões a partir do conhecimento que as imagens geram e sobre práticas, representações e relações que elas podem estabelecer com a realidade social.
O projeto “NAVI Memória e Preservação Digital” tem por objetivo digitalizar e sistematizar parte do acervo do Núcleo e publicá-lo de forma virtual, a fim de tornar pública a memória da produção científica e artística desenvolvida. A justificativa para este empreendimento encontra-se nas premissas epistemológicas citadas acima, mas também no pressuposto de que um acervo virtual desse material permitirá auxiliar ainda mais ao ensino e ao desenvolvimento da Antropologia Visual. Aumentando a possibilidade de maior comunicação com as populações pesquisadas, e a possibilidade de levar os resultados dessas pesquisas a um público mais amplo, dentro e fora da Universidade, colocando os problemas sociais, sob o crivo das novas redes sociais, por exemplo.
O NAVI registrou ao longo dos seus 30 anos de existência entrevistas com antropologues brasileiros/as e estrangeiros/as. Durante a pandemia digitalizou todo o seu acervo, de mais de 3 mil horas. Além das entrevistas, o acervo inclui filmes de pesquisa, registros dos trabalhos de campo de seus pesquisadores, palestras, entre outros materiais. O Núcleo mantém convênios com a rede de Núcleos de Antropologia Visual no Brasil e no exterior, participado do GT de Antropologia Visual da ABA. Em 2002, recebeu o prêmio Pierre Verger da ABA de Contribuição à História da Antropologia. A primeira etapa consistiu na digitalização das fitas mini-DV (363 fitas), no armazenamento na nuvem, a criação de um canal YouTube para divulgação e no preenchimento de formulários para a catalogação de cada filme. A metodologia incluiu a seleção de imagens, a edição e administração do site. A seleção se deu por meio de reuniões entre os pesquisadores do NAVI e bolsistas, em que se escolheram 300 vídeos para compor o acervo. Também foi um catálogo com todos os vídeos que poderá ser consultado através de links na página do NAVI e no canal do NAVI no Youtube.
O projeto “NAVI Memórias e Preservação Digital” se insere na demanda de ensino, pesquisa e extensão, pilares fundamentais e indissociáveis do Ensino Superior no país, previsto na Constituição Federal. Isso porque se trata de uma série de vídeos em que grandes nomes da antropologia brasileira e mundial falam de suas experiências etnográficas e de teoria antropológica. O acervo permitirá que novas gerações de antropólogas/os tenham acesso a diálogos e reflexões sobre essa área de conhecimento pensadas entre as décadas de 1990 e 2010. Também na produção de conhecimento como material de consulta à pesquisas etnográficas. A digitalização desse material permitirá auxiliar ainda mais ao ensino e ao desenvolvimento da Antropologia como grande área de conhecimento, com ênfase da Antropologia Visual. Considera-se com isso o incremento na comunicação com as populações pesquisadas, e a possibilidade de levar os resultados dessas pesquisas a um público mais amplo, dentro e fora da Universidade, colocando os problemas sociais, sob o crivo das novas redes sociais, por exemplo.